quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Newspaper Weekly TV 2016 - Perfil - Tim Lopes - Por Edinei Sena

Tim Lopes

Tim Lopes
Nascimento
Morte
Nacionalidade
Brasileiro
Ocupação

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Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, (Pelotas, 18 de novembro de 1950  Rio de Janeiro, 2 de junho de 2002) foi um repórter brasileiro, produtor da Rede Globo desde 1996.
Cursou Jornalismo na Faculdade Hélio Alonso (FACHA), Rio de Janeiro. Seu primeiro trabalho foi na revista Domingo Ilustrada, do jornalista Samuel Wainer, como contínuo. Quando começou a fazer reportagens na rua, passou a ser chamado de Tim Lopes. Segundo amigos, o "nome artístico" teria sido dado pelo próprio Samuel Wainer, devido à semelhança do jornalista com o cantorTim Maia. Uma de suas primeiras reportagens foi publicada na década de 1970, no jornal alternativo "O Repórter". A matéria relatava as precárias condições de trabalho dos operários na construção do metrô do Rio. Para produzi-la, Tim Lopes trabalhou como peão na própria obra. Trabalhou também na sucursal do Rio de Janeiro da Folha de S.Paulo, nos jornais "O Dia", "Jornal do Brasil" e "O Globo" e na revista "Placar". Na TV Globo, participou de uma série de reportagens do programa "Fantástico", que promoviam o encontro de familiares de vítimas com assassinos presos. Internou-se por dois meses em uma clínica para dependentes químicos para uma reportagem sobre o assunto. Em 2001, Lopes foi um dos ganhadores do Prêmio Esso. Era considerado pelos colegas de profissão como um dos mais corajosos e audaciosos repórteres investigativos em atividade.
Tim Lopes desapareceu em 2 de junho de 2002. Depoimentos de narcotraficantes presos indicam que ele teria sido sequestrado e morto entre as 22 e 24h daquele dia. Sua morte somente foi confirmada a 5 de julho, após exame de DNA dos fragmentos de ossos encontrados num cemitério clandestino.
Era casado com a estilista Alessandra Wagner havia dez anos. Tinha um filho de 19 anos, Bruno, nascido do seu primeiro casamento.

 

Prêmios

Em 2001, recebeu o Prêmio Esso com a equipe da Rede Globo pela reportagem “A Feira das Drogas”, em que denunciava, por meio de uma câmera escondida, a venda livre de drogas no complexo do Morro do Alemão. Foi o primeiro prêmio Esso concedido na categoria televisão. Recebeu ainda o 11º e o 12º Prêmio Abril de Jornalismo, na categoria Atualidades, pelas matérias “Tricolor de Coração” publicada na revista Placar de dezembro de 1985, e “Amizade sem Limite”, de maio de 1986. Em fevereiro de 1994, recebeu um prêmio de melhor reportagem feita no jornal O Dia pela série “Funk: som, alegria e terror” - ironicamente, o mesmo tema de sua última grande reportagem na TV Globo.

Morte anunciada

A jornalista e ex-produtora do Jornal Nacional da TV Globo, Cristina Guimarães, que dividiu o Prêmio Esso com Tim Lopes, produzia com ele as matérias de jornalismo investigativo do telejornal. Ameaçada de morte, saiu da emissora sete meses antes do assassinato de Tim Lopes. Segundo ela, a direção de jornalismo da Rede Globo foi informada sobre as ameaças que sofria por parte dos traficantes, mas nada fez para protegê-la.
" Eu falei sobre os riscos que estávamos correndo sete meses antes de os traficantes do Alemão matarem o Tim Lopes. Eu implorei por atenção a estas ameaças e o que fez a TV Globo? Ignorou tudo. Sete meses depois, eles pegaram o Tim. Na ocasião do Prêmio Esso, antes de o Tim ser morto, eu liguei para ele e o alertei sobre os riscos de ter exposto seu rosto nos jornais. Na nossa profissão, é preciso ter muito cuidado para mostrar a cara. É muita ingenuidade achar que traficante não assiste TV e não lê jornal."Posteriormente, a jornalista entrou com uma ação judicial contra a rede, reclamando da falta de segurança para os jornalistas da emissora. Afinal, sempre em razão das ameaças sofridas, Cristina decidiu sair do Brasil.
Por volta das 17 horas do dia 2 de junho de 2002, domingo, Tim Lopes foi até a favela Vila Cruzeiro, no bairro do Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro, com uma microcâmera escondida numa pochete que levava na cintura, para gravar imagens de um baile funk promovido por traficantes de drogas. Ele havia recebido uma denúncia dos moradores da favela de que no baile acontecia a exploração sexual de adolescentes e a venda de drogas. Iria verificar também a informação de que os traficantes construíram um parque infantil numa via de acesso à comunidade, para dificultar a ação da polícia, e que desfilavam armados de fuzis.
Os traficantes estranharam a presença de Tim Lopes no local. Há suspeita de que, uma vez descoberto, sua morte tenha sido decidida como vingança pela reportagem feita anteriormente, sobre a venda de drogas no morro, veiculada em agosto de 2001 pela TV Globo. Depois dessa reportagem, vários traficantes foram presos e o tráfico da região teve um prejuízo em suas atividades criminosas por um longo tempo. Outras hipóteses são de que Tim Lopes tenha sido confundido com um policial ou um informante da polícia.
Segundo testemunhas, a morte de Tim Lopes foi definida pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, um dos líderes do grupo criminoso Comando Vermelho, que dominava o Complexo do Alemão. As investigações indicam que participaram do crime outros nove traficantes de sua quadrilha. Antes da execução, os traficantes fizeram uma espécie de julgamento para decidir sobre a morte do jornalista. Ele foi torturado, antes de ser assassinado com uma katana. Em seguida, o corpo teria sido esquartejado e queimado (método conhecido como "micro-ondas", usado para ocultar o cadáver e o crime) no morro da Grota.

 

Repercussão

Embora fosse um jornalista destacado, Tim Lopes somente se tornou conhecido nacionalmente após sua morte, num crime que chocou o país, tendo a sua repercussão aumentada em grande parte pela influência da Rede Globo como formadora de opinião. Seu desaparecimento ocupou muitas edições do Jornal Nacional, o que aumentou a pressão sobre as autoridades pela captura de todos os criminosos envolvidos; o jornal também passou a usar a expressão Poder paralelo para definir os grupos criminosos existentes nas favelas cariocas. Embora a resolução do caso fosse considerada pela sociedade em geral como uma prioridade, até pela afronta que representou à liberdade de expressão, houve quem criticasse o fato de que não tenha havido o mesmo empenho da polícia no caso de outros crimes onde não houve a influência de alguma organização influente.
Caçados pela polícia, um a um, todos os criminosos foram presos ou mortos, até que finalmente Elias Maluco foi preso em setembro, no alto da favela, após uma mega-operação policial.
Tim Lopes foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi no carnaval do ano seguinte, com o enredo "Não calem minha voz", uma homenagem à imprensa, onde um dos versos dizia "a verdade tim-tim por tim-tim", numa referência ao apelido do jornalista.


Condenações

Entre os que participaram da morte de Tim Lopes, foram julgados e condenados em júri popular: Elias Pereira da Silva, o "Elias Maluco", condenado a 28 anos e seis meses de reclusão; Cláudio Orlando do Nascimento, o "Ratinho"; Elizeu Felício de Souza, o "Zeu"; Reinaldo Amaral de Jesus, o "Cadê"; Fernando Sátyro da Silva, o "Frei"; e Claudino dos Santos Coelho, o "Xuxa", todos condenados a 23 anos e seis meses de prisão. Ângelo Ferreira da Silva, o "Primo", foi condenado a 15 anos por ter tido uma participação menor no crime e ter colaborado com a polícia, mas, ao ser beneficiado com o regime semiaberto, teve direito à visita periódica aos familiares e ficou foragido de 7 de fevereiroa 26 de maio de 2010, quando foi recapturado pela polícia.
Outros partícipes, André da Cruz Barbosa, o "André Capeta"; Flávio Reginaldo dos Santos, o "Buda"; e Maurício de Lima Matias, o "Boizinho", foram mortos em confronto com a polícia.

O criminoso Zeu, beneficiado mais tarde pela progressão de regime, acabou fugindo da prisão em 2007, quando recebeu o benefício do regime semiaberto. Denúncias levaram investigadores a crer que ele teria sido morto em 2007, pelo traficante Tota, depois de ter assassinado a própria mulher. Em dezembro de 2008, houve nova decisão judicial no sentido de conceder benefícios judiciais a criminosos envolvidos no caso. Em 28 de novembro de 2010, às 15 horas e 02 minutos o traficante Zeu se entregou à polícia diante de uma grande operação de pacificação do Complexo do Alemão. Segundo a polícia, ele se rendeu, em sua casa, às forças de segurança que ocupam o conjunto de favelas.

Edinei Sena

Newspaper Weekly TV 2016 - Código Aberto - Perfil - Fernando Gabeira - Por Edinei Sena

Código Aberto - Fernando Gabeira

Fernando Gabeira

Período
1° de Fevereiro de 1995
até 1° de fevereiro de 2011
(4 mandatos consecutivos)
Vida
Nascimento
Dados pessoais
Partido

Fernando Paulo Nagle Gabeira, conhecido também como Fernando Gabeira ou mesmo Gabeira, (Juiz de Fora, 17 de fevereiro de 1941) é um jornalista, escritor e político brasileiro.

É conhecido pela sua atuação no Partido Verde brasileiro (do qual é membro-fundador), defendendo posições polêmicas em questões consideradas como tabus na cultura política brasileira (como a profissionalização da prostituição, o casamento homossexual e a descriminalização da maconha).
É conhecido também por ter participado da luta armada contra a ditadura como militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro, que tentava instaurar o socialismo no Brasil. Ele não era um guerrilheiro propriamente dito, mas trabalhava como repórter do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.
Em 1970, Gabeira foi preso na cidade de São Paulo. Resistiu à prisão e tentou fugir em direção a um matagal que existia por perto. Vários tiros foram disparados e um deles atingiu suas costas, perfurando rim, estômago e fígado. Encarcerado, recebeu a liberdade em Junho do mesmo ano, tendo sido trocado com outros 39 presos pelo embaixadoralemão Ehrenfried von Holleben, que também havia sido sequestrado. O grupo foi banido do país e exilado para a Argélia. Ao longo de quase uma década, esteve em vários países dentre os quais o Chile, a Suécia e a Itália. Na Suécia, onde passou a maior parte da vida, formou-se em Antropologia na Universidade de Estocolmo e exerceu a profissão de repórter até a função de condutor de metrô em Estocolmo. Voltou ao Brasil em 1979 onde passou, então, a atuar como jornalista e escritor, defendendo o fim do regime militar.
Ao retornar do exílio escreveu um livro chamado "O que é isso, companheiro?" detalhando o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick do qual participara às vésperas do 7 de setembro de 1969. O episódio foi justificado pelos sequestradores como uma tentativa de pressionar o regime militar a libertar quinze presos políticos ligados às organizações da esquerda política consideradas clandestinas naquele momento histórico. A ação teve sucesso em seus objetivos, uma vez que tais presos foram de fato libertados e exilados do país, porém pelo menos dois dos sequestradores não resistiram à tortura após serem capturados, enquanto outros foram obrigados a deixar o país.
Um filme de mesmo nome foi feito sobre o sequestro do embaixador norte-americano. Gabeira é representado como um jovem heróico que ajuda na ação armada, porém em realidade ele não tomou parte nos eventos mais arriscados, como a captura do embaixador. Tendo sido informado sobre a operação apenas no dia do sequestro, sua atuação foi meramente circunstancial, pois sua participação se restringiu a atuar como uma espécie de relações públicas dos sequestradores, divulgando seu manifesto nos jornais e outros veículos de comunicação.
Após 1985, Fernando Gabeira passou a apoiar as causas dos direitos das minorias e do meio ambiente.

 

Vida familiar

Durante sua vida fora do país, casou-se com a sua companheira de militância política Vera Sílvia Magalhães. Já de volta ao Brasil, foi casado por dezesseis anos com a estilista Yamê Reis — com quem teve duas filhas: a psicóloga Tami e a surfista Maya Gabeira. O casal se divorciou em 1999. Atualmente é casado com a atriz e empresária Neila Tavares.
Gabeira é primo da também jornalista mineira Leda Nagle.

 

Carreira política

Gabeira no debate entre os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro em 2008 com Eduardo Paes, Chico Alencar, Jandira Feghali e Alessandro Molon
Em 1986, após voltar ao Brasil, Gabeira foi candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, tendo sido derrotado por Moreira Franco; em 1989 concorreu à Presidência da República já pelo Partido Verde, obtendo 0,18% dos votos.
Em 1994, Gabeira é eleito deputado federal pelo PV do Rio de Janeiro, sendo reeleito em 1998. Em 2002, trocou o PV pelo PT, sendo novamente eleito. Após considerar inaceitável a conduta do partido no início do governo Lula, em outubro de 2003 decidiu abandonar mais uma vez o PT, ficando algum tempo sem legenda. Um ano e meio depois estouraria o Escândalo do Mensalão.
Em 2005, na Câmara, Gabeira chamou o então presidente Severino Cavalcanti de "vergonha para o país" e ameaçou começar um movimento para derrubar Severino se este continuasse a apoiar em nome do Congresso empresas que utilizam trabalho escravo.Também participou da CPI das Sanguessugas, em 2006, como um dos sub-relatores.
Filiando-se novamente ao PV, Gabeira concorreu à reeleição em 2006 e foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro com 293.057 votos.
Em 2008 Gabeira lançou uma campanha à prefeitura do Rio de Janeiro em uma aliança com o PSDB e o PPS. Ficou em segundo lugar no primeiro turno daquela eleições com 839.994 dos votos (25.61% dos válidos). No segundo turno, obteve 1.640.970 de votos (49,17% dos válidos) e perdeu por uma diferença de apenas 1,66% para Eduardo Paes.
Em 2009 Gabeira admitiu o uso indevido da sua cota parlamentar de passagens aéreas, possibilitando que terceiros, cujos nomes não foram divulgados, viajassem utilizando o dinheiro público. O próprio deputado federal admitiu à época que este escândalo pode significar a sua morte política, tendo inclusive cogitado abandonar a carreira pública, mudando de opinião logo em seguida.
Gabeira se candidatou a governador do Rio de Janeiro nas eleições de 2010, tendo ficado em segundo lugar com 20,68% dos votos válidos, derrotado pelo governador Sérgio Cabral Filho.
Em 2010, em um projeto com a presidenciável Marina Silva, lançou o jogo online "Um Mundo" que aproveita a onda dos jogos de criação no estilo "Farm" e convida o visitante, mesmo não simpatizante, a contribuir com a criação de um mundo melhor.
No segundo turno das eleições presidenciais de 2010, Gabeira declarou apoio à candidatura de José Serra.

 

Carreira literária

Escreveu, em 1979, o livro O que é isso, companheiro?, sobre sua participação na luta armada contra o regime militar no Brasil (1964–1985) e seu posterior exílio na Europa. O livro venceu o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria biografia e (ou) memórias em 1980 e foi transformado em filme pelo cineasta Bruno Barreto em 1997.
Em 1980, lançou O crepúsculo do macho, uma continuação de O que é isso, companheiro?.
Em 1981, lançou Entradas e bandeiras, livro no qual narra sua volta ao Brasil e seu abandono da ideologia marxista, passando a lutar por questões como ecologia, prazer e liberdade sexual. No mesmo ano, lançou Hóspede da utopia, no qual aprofunda seu novo posicionamento ideológico.
Em 1982, lançou Sinais de vida no Planeta Minas, no qual conta as lutas feministas contra a sociedade conservadora do estado brasileiro de Minas Gerais, através das biografias de cinco mulheres mineiras. Entre elas, Dona Beja e Ângela Diniz.
Em Goiânia, rua 57 — o nuclear na terra do sol, lançado em 1987, Gabeira narrou o acidente radiológico ocorrido em Goiânia em setembro daquele ano.
Em 2000, lançou o livro A maconha, no qual discute a descriminalização de seu uso, suas funções terapêuticas, o papel social que desempenha etc.
Em 2006, lançou o livro Navegação na neblina, sob uma licença Creative Commons, tratando do Escândalo dos Sanguessugas, em 2005.
Em 2012, no livro Onde Está Tudo Aquilo Agora, Fernando Gabeira (ex-ativista) mostra que revolucionários de esquerda lutaram para implantar uma ditadura socialista no Brasil e não defendiam a democracia.

Edinei Sena


Precedido por
Cyro dos Anjos
Sucedido por
Alfredo Sirkis